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A verdadeira ameaça à soberania nacional


A região amazônica, antes vista como um santuário de biodiversidade, enfrenta uma crise profunda com o avanço impiedoso do crime organizado.




Por Joel Elias*


A região amazônica, antes vista como um santuário de biodiversidade, enfrenta uma crise profunda com o avanço impiedoso do crime organizado.


Contrariando as preocupações convencionais de ameaças externas, a verdadeira batalha pela soberania da Amazônia ocorre dentro de suas fronteiras, onde organizações criminosas se infiltram, exploram recursos de forma ilegal e semeiam uma destruição irreparável.


Os dados mais recentes, verdadeiros indicadores da gravidade da situação, apontam para uma escalada alarmante no desmatamento. Em 2023, a Amazônia Legal testemunhou um aumento explosivo de 85,3% em relação a 2018, alcançando o nível mais alto em 15 anos. Essa devastação não só compromete a fauna e flora únicas da floresta, mas também representa uma ameaça significativa às bases globais de equilíbrio ambiental.


O garimpo ilegal, uma praga em terras indígenas, emerge como um dos tentáculos desse crime organizado. Os números de 2023 revelam um aumento vertiginoso de 300% nos garimpos ilegais na Terra Yanomami em comparação com o ano anterior. Para além da contaminação dos rios, essa prática destrutiva coloca em risco a saúde das comunidades tradicionais, criando uma rede de impactos sociais e ambientais.


A grilagem de terras, tática que consiste na apropriação ilegal de áreas públicas, atinge níveis alarmantes. Os registros de 2023 indicam um aumento de 275,7% nos casos de grilagem em relação a 2018. Esse fenômeno não só ameaça ecossistemas preciosos, mas também atenta contra os direitos fundamentais das populações locais.


Além disso, a violência crescente, alimentada pelo tráfico de drogas e disputas entre facções, é mais uma face sombria dessa realidade. Os números de homicídios na Amazônia Legal aumentaram em 12% em 2023, agravando ainda mais a situação tensa da região. Essa escalada de violência não apenas perturba a paz local, mas representa uma clara violação dos direitos humanos das comunidades tradicionais, incluindo indígenas e quilombolas.


As consequências catastróficas dessas atividades predatórias vão além da perda de biodiversidade. A Amazônia desempenha um papel crucial na regulação climática global, e o desmatamento desenfreado contribui diretamente para as mudanças climáticas, aumentando as emissões de gases de efeito estufa e agravando o aquecimento global.


Diante desse panorama desolador, a resposta urgente é fortalecer as ações de combate ao crime organizado na região. Isso implica em um aumento significativo do efetivo policial e das Forças Armadas, investimentos em inteligência e tecnologia para monitoramento eficaz da floresta, e o fortalecimento dos órgãos de fiscalização ambiental. Além disso, a implementação de políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável se torna uma necessidade premente.


A soberania da Amazônia transcende as barreiras ambientais; é uma questão crítica de segurança nacional, direitos humanos e garantia do legado para as próximas gerações. O momento exige ação imediata para proteger a Amazônia, assegurando que ela permaneça como um patrimônio inestimável para todos os brasileiros. O desafio é colossal, e a preservação da Amazônia exige uma resposta coletiva e incisiva para enfrentar essa ameaça interna e preservar esse tesouro natural para as gerações vindouras.


*Joel Elias dos Santos é amapaense, jornalista, músico, compositor e poeta. Atualmente mora em Porto Velho (RO)

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