Setembro Negro: a onda infernal de Furlan
A onda de calor que afeta o Brasil neste mês de setembro em função das mudanças climáticas e intensificação de calor do fenômeno natural chamado “el nino” está elevando a temperatura em mais de 40°C em algumas cidades brasileiras, mas a meteorologia oficial diz que o Amapá não está na rota dessa onda de calor.
No entanto, em Macapá a temperatura está próxima aos 100°, mas no campo político. O prefeito de Macapá vem enfrentando uma onda tão forte de pressão popular, política e judicial que em alguns eventos ele não esconde a preocupação, a começar pela cobrança da Justiça Federal para dar transparência em todos os gastos do Município com recursos públicos, principalmente verbas federais como o Fundeb e o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educaçã e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, respectivamente).
Há três anos sem prestar contas com o Portal da Transparência, o técnicos contábeis de Furlan terão que fazer contorcionismos para reunir tantas informações e convencer o Ministério Público Federal e a Justiça Federal dos gatos adequados de recursos públicos, principalmente os destinados a educação, repasses a autarquias e contratos que usam recursos federais. Há uma uma sentença transitada em julgado determinado que a prefeitura comece a reabastecer de informações previstas em lei o Portal da Transparência do município. Caso contrário, isso pode se transformar num processo perigoso para Furlan.
O inferno do prefeito não estanca aí. Ele enfrenta na Justiça Eleitoral uma série de ações judiciais, entre elas, uma por fake news e outra por compra de votos, e ambas podem torna-lo inelegível. Não haverá “churrasquinho de gato” nem “pelada de fudebol” que servirão como chuveiro para esfriar sua cabeça.
Crise no transporte coletivo vrm criando caos na cidade e colocando a vida des estudantes em risco.
Como se não bastasse, a onda infernal de Furlan neste “Setembro Negro*”, a crise no transporte coletivo é tão grave que pode trazer à tona um ardiloso esquema de favorecimento em chamada pública, após a denuncia de que a empresa Deciclo Ambiental, anunciada por Furlan como sendo do Distrito Federal, na verdade seria de um servidor da Companhia de Trânsito e Transportes de Macapá (CTMac), Track Eden, e teria como endereço a casa do pai do servidor.
A temperatura para as bandas da Prefeitura de Macapá está tão alta, que fez derreter as pretensões de Furlan em retirar da folha de pagamento do Município recursos para estancar os efeitos da bomba fiscal, cujo desiquilíbrio financeiro e orçamentária seria em função da queda nos números do FPM (Fundo de Participação do Municípios). Mas o Decreto de Furlan para a contenção de custos acabou sendo revogado após protestos dos professores que exigiram transparência nos recursos do Fundeb e Fundef, destinados para a manutenção do ensino, professores e escolas. Como se vê. Os recursos do Fundeb e Fundef causam medo.
Os protestos que Furlan vem enfrentando neste setembro infernal são centelhas e reflexos de uma gestão que perdeu o leme. Mais de 150 caçambeiros que prestavam serviço para a Prefeitura como único sustento, foram dispensados trazendo à luz a falta de políticas públicas para geração de emprego, já que Furlan havia prometido gerar 80 mil empregos em suas gestão. O discurso caiu por terra.
Protesto de professores contra cortes nos salários foi vital para a revogação de Decreto de Contenção de Custos.
Na última quinta-feira, 21, guardas civis municipais protestaram contra a política de cortes no pagamento de direitos garantidos. Outro reflexo de uma gestão que ainda não se encontrou no gerenciamento da principal segurança financeira dos servidores, a folha de pagamento.
Soma-se a esse intenso calor político, o aumento que o prefeito deseja na tarifa de iluminação pública. Pois é, população, sociedade civil organizada, bancada federal, governo estadual, Assembleia Legislativa, Defensoria Pública, todos de mãos dadas contra o aumento abusivo de 44,41% que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) está tentando impor ao Amapá, e o prefeito Antônio Furlan pedindo a sua base de vereadores na Câmara Municipal que aprove aumento na tarifa de iluminação públicas, onerando ainda mais o bolso do macapaense. Tal projeto pode ajudar a torrar o sonho de reeleição de muita gente.
Projeto de Lei de autoria do prefeito Furlan pede aumento na tarifa de iluminação pública de Macapá.
Pois a reeleição de muitos vereadores de Macapá também está vinculada às preocupações calorosas de Furlan. É que muitos de seus aliados hoje, poderão não estar ao lado de Furlan em um 2024 vital para a sua reeleição. O jogo de coligações pode mudar a correlação de forças dentro da Câmara, o que não é nada agradável politicamente para quem precisa de governabilidade.
Não satisfeito, o inferno de Furlan trouxe como a cereja do bolo, escândalos de assédio sexual e moral em instituições municipais bastantes representativas como a Fundação de Cultura e na Creche municipal Eliana Azevedo, no bairro Macapaba, onde professores tiveram a honrosa coragem de denunciar assedio moral que teria sido praticado pela direção da creche.
Enquanto isso, sob chuva de fogo, o prefeito da capital segue perdendo território e audiência pública na “gestão espetaculosa” de gastos com festas, obras inacabadas e “tiros no próprio pé”. No caso dos escândalos sexual e moral, o prefeito manteve-se calado, apenas uma nota da Prefeitura, apócrifa, informando que o presidente da Funcult, um dos principais homem de confiança do Prefeito, envolvido em denuncias de escândalo de assédio sexual, pediu exoneração do cargo.
No entanto, Antônio Furlan vai ponto em execução – talvez sem saber – um dos ensinamentos de Sun Tzu no livro A Arte da Guerra, a capacidade de dissimulação. Ou seja, a capacidade de fingir que está tudo bem quando, nos bastidores da cidade, a conjuntura está um caos e caindo em sua cabeça, uma fritura política ao ponto de se transformar num caldeirão fervente durante o ano eleitoral de 2024.
*"nSetembro Negro” era um grupo radical islâmico, dissidente da Organização para Libertação da Palestina (OLP), que na madrugada de 5 de setembro de 72, enviou oito de seus membros para invadir a Vila Olímpica em Munique visando sequestrar membros da delegação israelense e usá-los como moeda de troca pela libertação de mais de 200 palestinos das prisões de Israel. Durante a invasão, alguns membros da comissão do país conseguiram escapar, contudo, dois foram mortos e outros nove ficaram mantidos como reféns. Sem sucesso nas negociações, uma ação desastrosa polícia alemã resultou na mortes de todos os sequestradores e reféns.
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